segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

COMO OS ALIMENTOS AJUDAM NO COMBATE AO CÂNCER

    O câncer é uma das principais causas de mortalidade a nível mundial. De fato, essa doença está sendo considerada, na atualidade, uma epidenia de gigantescas proporções. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, salvo qualquer intervenção, 84 milhões de pessoas morrerão de câncer entre 2005 e 2015. O número é alarmante, mesmo para os mais pessimistas.

    Apesar das inúmeras descobertas da ciência no combate aos tumores malignos nas últimas décadas, os casos de câncer vêm se alastrando pelo mundo a fora com tal velocidade que chega a assustar a comunidade científica, os governos dos diversos países e a sociedade leiga. Pelo lado humano, o diagnóstico e posterior tratamento dos diversos tipos de câncer cobram um preço elevado, tanto fisica como psicologicamente, ao paciente e à sua família. Pelo lado financeiro, o preço pago pelo governo também é elevado, seja pelo afastamento dos cidadãos de sua vida produtiva durante o tratamento, ou por sua morte, seja pelo custo financeiro que o próprio tratamento impõe ao sistema de saúde desses países.

    Embora o câncer, após ser diagnosticado, possa ter uma evolução rápida e fatal, o seu desenvolvimento inicial, até se transformar em um tumor pode ser bastante lento, levando até cerca de dois terços do período de uma vida para atingir esse status de tumor e, então, avançar mais rapidamente e consumir a economia orgânica.

    Mas, como surge o câncer? E, o mais importante, podemos fazer algo para retardar, ou mesmo evitar o seu aparecimento? O processo de formação do câncer acontece lentamente ao longo de vários anos, às vezes décadas. Inicialmente, a célula sofre o ataque dos agentes cancerígenos que provocam paulatinamente transformações nos seus genes. Os genes alterados (ou deteriorados) alteram a forma como essa célula se reproduz, transformando-a em uma célula maligna que, ao se reproduzir, transfere as características alteradas às suas células descendentes. Na fase seguinte de instalação da doença ocorre a multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas, o que provoca o aparecimento dos tumores cancerosos.

    O câncer é uma doença degenerativa que envolve várias etapas e múltiplos fatores determinantes, sendo difícil afirmar um único método ou medida como preventiva. As descobertas científicas no campo da biologia nos ensinam que a fase inicial do câncer está associada ao dano no material genético da célula e que muitas vezes isso ocorre devido ao ataque de radicais livres. O que são esses radicais livres? São íons ou moléculas alteradas que têm um elétron desemparelhado em sua órbita externa, tornando-se eletricamente instáveis. Por necessitarem de um elétron que não possuem, interagem com moléculas vizinhas para "roubar" esse elétron e se equilibrarem eletricamente. O problema é que esse processo gera, por sua vez, desequilíbrio em outros íons e moléculas e, assim, leva à formação de uma "reação em cadeia" que altera progressivamente as estruturas moleculares ao redor dos radicais livres iniciais.

    E onde estão esses radicais livres? Estão presentes, para citar as fontes mais importantes, em alimentos industrializados, na poluição ambiental, em agrotóxicos, nos derivados de petróleo utilizados na produção de utensílios domésticos, no cigarro, etc. Também existem dentro do nosso próprio corpo, já que são produzidos, em parte, a partir do oxigênio que respiramos para viver. Quanto a esses radicais endógenos, a sua produção pode ser aumentada durante fases de maior estresse psicológico ou físico, como doenças inflamatórias ou infecciosas, traumas físicos (incluindo cirurgias), desnutrição ou má nutrição e atividades físicas extenuantes.

    Existem substâncias nutrientes, conhecidas como antioxidantes, que têm o poder de atenuar, ou até evitar, a formação e propagação desses radicais livres. Dessa forma, esses nutrientes antioxidantes poderiam reduzir o risco de câncer e seriam considerados como agentes potencialmente quimiopreventivos. 

    Onde estão esses antioxidantes? Na natureza, sob a forma de fitoquímicos, presentes nos mais variados alimentos. O que podemos fazer para reduzir o risco de um câncer é adquirir hábitos mais saudáveis, tanto pessoal como coletivamente, para reduzir a curto, médio e longo prazos, o acúmulo progressivo de lesões intracelulares que possam, finalmente, desencadear o aparecimento e a reprodução desenfreada de células cancerígenas. E podemos iniciar esse processo de uma maneira relativamente fácil, e bem saborosa: nos alimentando de forma mais natural e saudável. Segundo o professor Fernando Moreno, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, a alimentação saudável atuaria naquilo que os médicos chamam de quimioprevenção. "A quimioprevenção nada mais é que usar substâncias químicas que combatem o mal antes da progressão e aparecimento do câncer", explica Moreno. Fazendo isso, por um lado reduzimos o aporte de substâncias nocivas ao nosso organismo e, por outro, introduzimos em nossos corpos determinadas substâncias que ajudam na preservação da saúde de nossas células e no combate ao aparecimento das temidas alterações que levam à formação de células cancerígenas.

    Os alimentos ricos em gordura, açúcares e carboidratos refinados como pães, bolachas, sobremesas elaboradas, margarina e manteiga e carnes vermelhas gordurosas são responsáveis por tornar o sangue mais ácido, inflamando as células e elevando a produção de radicais livres endógenos, e por isso seu consumo excessivo deve ser evitado.

    Os alimentos alcalinizantes, que são as frutas, verduras e legumes, além de leite, cereais integrais e sementes, são capazes de  equilibrar a acidez do sangue, tornando o organismo menos ácido e, portanto, menos propenso a formar radicais livres em demasia. Então o consumo rotineiro de alimentos alcalinizantes favorece a saúde e a desintoxicação do corpo, auxiliando na manutenção do equilíbrio bioquímico do organismo.

    Segue abaixo a relação de alguns alimentos que auxiliam na prevenção e no combate ao câncer (informação compilada por Gabriela Cabral, da Equipe Brasil Escola):

    - Abóbora, cenoura, beterraba, batata-doce, manga e mamão são alimentos ricos em betacaroteno, substância que auxilia o organismo na restauração das células prejudicadas por agentes oxidantes (os chamados radicais livres). Dessa forma, atuam contra os mais variados tipos de tumor.

    - Brócolis, repolho, couve-flor, couve-manteiga, rúcula e espinafre possuem uma substância chamada sulforafane, cuja função no organismo é regenerar e aumentar a resistência do mesmo.

    - Couve-flor, ervilha, goiaba, maçã, melancia, pepino-japonês e o trigo integral são alimentos ricos em fibras que lentamente percorrem o aparelho digestivo aumentando a saciedade e diminuindo o teor de gordura no organismo.

    - Tomate, melancia, pimentão e beterraba são ricos em licopeno, substância que atua sobre os radicais livres impedindo que os mesmos danifiquem as células normais do organismo.

    - Os alimentos probióticos, que contêm bactérias benéficas ao organismo, conseguem fortalecer o sistema de defesa do corpo e ainda combatem úlceras que induzem a formação das células malignas.

    - As sementes oleaginosas, folhas verdes, batata-doce, leite, aveia, peixe e soja são alimentos ricos em alfatocoferol, substância que inibe a ação dos radicais livres no organismo e o crescimento de tumores no pulmão.

    Como textos muito longos podem cansar a mente e confundir o raciocínio, continuaremos essa exposição no próximo texto, onde especificaremos melhor os alimentos mais indicados para ajudar no combate de determinados tipos de câncer. Até lá.

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