segunda-feira, 3 de outubro de 2011

SOBREPESO E OBESIDADE I - EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICAS


               Na atualidade o sobrepeso é considerado uma epidemia de proporção mundial, atingindo indiscriminadamente países ricos e pobres. Infelizmente, no Brasil não dispomos de dados estatísticos atualizados, então utilizaremos os Estados Unidos como referência epidemiológica. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde americano (NIH - National Institutes of Health), publicada pela revista Weight & Obesity em julho de 2008, aponta de forma gritante para uma tragédia anunciada: dois terços da população americana estão acima do peso. Isso contabiliza 142 milhões de americanos, dos quais 75 milhões estão com algum grau de sobrepeso e 67 milhões estão obesos. Ainda segundo o NIH, no período que vai de 1960 ao ano 2000 o percentual de americanos obesos passou de 13,3% para 30,9%, o que representa um aumento de 300%, e o percentual de obesos mórbidos pulou de 0,8% para 4,7%, um aumento de 500%.

               Outra pesquisa recente e bastante preocupante foi realizada pela Harris Polls e está disponível no seu site, harrisinteractive.com. Segundo essa pesquisa, 30% dos americanos que sofrem de sobrepeso acham que estão no tamanho normal, e chocantes 70% dos americanos obesos se vêem apenas com sobrepeso. Porque ocorre isso? Segundo o pesquisador Nathan Swami Nikhil, durante o processo de engordar, os nossos cérebros podem não se aperceber dos excessos de estoques de gordura nos nossos corpos, falhando assim em sinalizar ao organismo que deve comer menos. Assim, as pessoas continuam a comer e comer porque seus cérebros não conseguem trabalhar na diminuição do apetite. Isso leva a mudanças extremas no corpo como, por exemplo, a dilatação do estômago, que pode passar dos normais 100 ml em repouso para verdadeiras sacolas que conseguem albergar até 2,5 quilos após uma refeição.

               Essas alterações, para nossa consternação, estão atingindo também as crianças americanas. Dados estatísticos do Centro para Controle de Doenças americano (CDC - Centers for Desease Control) mostram que 77% das crianças americanas estão acima do peso e 17% delas já estão obesas. Esses dados apontam para a triste expectativa de que talvez essa geração de crianças seja a primeira geração de americanos cuja expectativa de vida diminuirá, em relação à de seus pais. Isso mesmo. Esses pais e mães, se não acordarem para o problema agora, serão a primeira geração a enterrar seus filhos. Podemos pensar "mas isso está ocorrendo nos Estados Unidos, aqui é diferente". Será? Quantos de nós já observam que seus filhos, ou mesmo netos, têm a saúde mais frágil que a nossa, ou têm menos vigor que seus pais e avós, apesar de ainda serem jovens? Muitos, não é mesmo?

               Podemos optar por não pesquisar, investigar e decidir intervir, mas estaremos apenas nos enganando. David Satcher, médico e pesquisador americano, afirma que pessoas que são obesas aos 20 anos têm uma expectativa de vida 13 anos menor que os não obesos; os que estão obesos aos 40 viverão provavelmente 7 anos a menos do que poderiam e os que se tornam obesos após os 40 anos perdem 3 anos da sua expectativa de vida. Dados que o New England Journal of Medicine corrobora em sua pesquisa com 1,46 milhões de adultos, publicada em Dezembro de 2010: pessoas acima do peso morrem mais cedo.
              
               E porque isso acontece? Porque engordar, mais do que uma questão estética desagradável, pode ser mortal? O Jornal da Associação Médica Americana (JAMA - Journal of the American Medical Association) traz, em seu caderno de 12 de Setembro de 2001, a resposta. Segundo essa pesquisa, realizada pelo doutor Ah Mokdad, a mortalidade relacionada ao sobrepeso e à obesidade passa por doenças variadas, que podem aparecer mais facilmente em obesos e pessoas com sobrepeso. São elas:

               - Doenças cardiovasculares/ Infarto Agudo do Miocárdio

               - Hipertensão

               - Doenças respiratórias e pulmonares

               - Doenças renais

               - Doenças hepáticas

               - Diabetes

               - Doenças circulatórias periféricas

               - Artrite/Artrose

               - Doenças inflamatórias

               - Doenças intestinais

               - Doenças auto-imunes

               - Acidentes Vasculares Cerebrais

               - Mal de Alzheimer

               - Câncer de mama, pulmão, pâncreas, ovário,
                  próstata, útero

               Como vemos, o problema é atual e muito importante. Importante o suficiente para nos impedir de cruzar os braços. Precisamos combater essa verdadeira epidemia de sobrepeso, obesidade e das doenças que vêm na sua esteira, pois disso depende o nosso futuro, e o dos nossos descendentes. Se é que os teremos, já que a obesidade também está ligada à infertilidade. De fato, estamos falando da sobrevivência da própria espécie humana.

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